Você já parou para pensar em como a mulher costuma ser retratada na ficção? Em filmes, livros e quadrinhos, a figura feminina é representada de diferentes maneiras, mas infelizmente, na maioria das vezes, seus papéis ainda giram em torno de: uma donzela em perigo; uma coadjuvante; o par romântico do protagonista; um objeto de desejo e cobiça; uma megera; uma histérica; e por aí vai…
Diante deste cenário que ainda persiste, surgiu o teste de Bechdel, que foi batizado em homenagem à sua criadora. No artigo de hoje, nós vamos te contar tudo sobre o teste e qual a importância de verificar as histórias que gostamos e consumimos. Acompanhe!
O que é o teste de Bechdel
Em 1985, a cartunista norte-americana Alison Bechdel lançou uma tirinha ironizando os filmes de Hollywood que, em sua maioria, representam mulheres de forma estereotipada e bastante previsível – os famosos clichês.
A tirinha de Alison tinha a intenção de ser cômica, mas revelou algo muito importante. Graças a ela, surgiu a ideia de verificar se uma obra fictícia atende aos seguintes critérios:
- Tem ao menos duas personagens femininas;
- Que conversem entre si em alguma cena;
- Sobre algo que não seja homens.
Em uma entrevista ao Hypeness, a cartunista revelou que o teste não foi criado para ser declarado como uma métrica para as pessoas. Ela confessou que:
“As feministas com quem eu saía naquela época e eu nos sentíamos ignoradas pela cultura, porque ela era dedicada a homens brancos e héteros. E nós fazíamos piadas a respeito de como não tínhamos filmes com mulheres que se parecessem com pessoas verdadeiras, que falassem umas com as outras.”
Bem, acho que nós devemos agradecer a Alisson e suas amigas! Colocar esse assunto em destaque funcionou como um holofote e, a partir daí, cada vez mais mulheres passaram a se perguntar: onde estão as histórias sobre mulheres? Cadê as personagens bem-desenvolvidas e aprofundadas com as quais possamos nos identificar? Aliás, por que a mulher quase nunca é a protagonista?
A importância do teste de Bechdel
Ao longo dos anos, o teste recebeu muitas críticas quanto ao seu propósito. Mas é preciso deixar claro que ele não é, e nunca foi, uma forma de medir o quão feminista uma obra é. Ele apenas aponta a falta de representatividade na arte.
Sua função não é identificar se uma obra literária ou filme é sexista ou não, tampouco avaliar a qualidade da obra como um todo. Seu objetivo é propor uma reflexão acerca da forma como a mulher vem sendo representada na arte e cobrar uma presença feminina com maior protagonismo e autonomia.
Muitas vezes as mulheres sequer são nomeadas nas histórias e, quase sempre, seus conflitos giram em torno de questões amorosas – por isso, chega de dar suporte para personagens masculinos
Infelizmente, a quantidade de obras que não passam no teste revelam como nossa indústria de entretenimento é feita para – e fala de – homens. Isso revela muito sobre a nossa cultura e o imaginário das pessoas sobre os estereótipos de gênero. Além disso, mostra a falta de representatividade para as novas gerações: onde estão as heroínas? Queremos ver mulheres bem-sucedidas comemorando suas vitórias.
É claro que o cenário vem evoluindo e hoje já vemos mais histórias com protagonismo feminino. Ainda assim, é assustador o número de personagens rasas que estão em uma história apenas para servir aos propósitos masculinos.
Como produzir histórias com representatividade
Nós da Revista Maçã do Amor adoramos um romance e isso não é nenhum segredo! Ainda assim, valorizamos a criação de histórias com personagens profundos e plurais.
Por isso, recomendamos que, ao dar vida a uma história, você faça o teste de Bechdel. É bem simples, basta se atentar se em seu enredo:
- Existem personagens femininas;
- Se elas conversam entre si;
- Sobre algo que não seja homens.
Explore sentimentos e situações diversas em seus conflitos. Existem muitas formas de criar personagens profundas dentro de um romance.
Afinal, a arte imita a vida e nós somos um tanto quanto complexas, não é mesmo? 😉
Nossa equipe é formada por cinco mulheres e, como escritoras e revisoras, defendemos a representatividade na literatura; e, enquanto um canal de publicação, damos voz às histórias que exploram a complexidade de seus personagens. Para publicar com a gente, acompanhe os editais!